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Tiques nervosos: entendendo as causas, tipos e tratamentos

Foto do escritor: Ariely Teotonio BorgesAriely Teotonio Borges

Os tiques nervosos são movimentos ou sons repentinos, repetitivos e sem propósito, que ocorrem de maneira involuntária. Embora possam ser breves e muitas vezes pareçam inofensivos, alguns tipos de tiques podem interferir na qualidade de vida, afetando desde atividades cotidianas até a vida social de quem os apresenta. É comum que indivíduos que apresentam tiques relatem uma "necessidade" de realizar o movimento ou som para aliviar uma sensação de desconforto. Os tiques podem ocorrer tanto em crianças quanto em adultos, embora sejam mais comuns em meninos e tendam a aparecer pela primeira vez na infância.

Exemplos de tiques nervosos:

  • Tiques motores simples: Piscar repetidamente, contrair o nariz, levantar os ombros ou movimentar a cabeça de forma involuntária.

  • Tiques vocais simples: Grunhidos, pigarrear ou emitir sons curtos.

  • Tiques motores complexos: Movimentos mais elaborados, como tocar objetos em sequência ou realizar movimentos corporais específicos.

  • Tiques vocais complexos: Palavras ou frases repetidas, podendo incluir palavras fora de contexto ou, em casos raros, palavras impróprias.


Tipos de tiques nervosos

Existem diferentes tipos de tiques, que podem ser classificados de acordo com sua complexidade e duração:

  1. Tiques Simples e Complexos

    • Simples: Envolvem movimentos rápidos e isolados, como piscar os olhos ou encolher os ombros. Normalmente, são mais breves e fáceis de ignorar.

    • Complexos: São movimentos mais coordenados que podem envolver várias partes do corpo, como pular ou tocar objetos repetidamente.

  2. Tiques Motores e Vocais

    • Motores: Envolvem movimentos musculares, como caretas faciais, estalos de dedos ou movimentos do pescoço.

    • Vocais: São sons que a pessoa emite de forma involuntária, desde sons simples até palavras inteiras.

  3. Tiques Transitórios e Crônicos

    • Transitórios: Duram menos de um ano e tendem a desaparecer com o tempo, especialmente em crianças.

    • Crônicos: Persistem por mais de um ano e podem ser mais difíceis de controlar. Nestes casos, os tiques podem ser permanentes e requerem acompanhamento médico.


Causas dos tiques nervosos

A origem exata dos tiques nervosos ainda não é completamente compreendida, mas especialistas acreditam que fatores genéticos, neurológicos e psicológicos desempenham um papel importante no desenvolvimento desses movimentos involuntários.

  • Fatores Genéticos: Há uma predisposição genética significativa para o desenvolvimento de tiques. Se há histórico familiar de tiques, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou Síndrome de Tourette, as chances de desenvolver tiques aumentam.

  • Disfunções Neurológicas: Estudos sugerem que anomalias na produção e processamento de neurotransmissores, especialmente a dopamina, podem estar relacionadas aos tiques. Esse desequilíbrio químico interfere na comunicação entre os neurônios responsáveis pelo controle motor.

  • Fatores Emocionais e Ambientais: Situações de estresse, ansiedade e até excitação podem intensificar ou desencadear os tiques, especialmente em crianças.


Como identificar os tiques?

Os tiques nervosos podem variar muito em intensidade e frequência, mas existem sinais que ajudam a identificá-los. Abaixo estão algumas dicas para reconhecer quando um tique é mais do que uma simples "mania":

  • Repetição e padrão: Se você notar que os movimentos ou sons são repetitivos e seguem um padrão específico, é provável que sejam tiques.

  • Sensação de alívio: Muitas pessoas relatam uma sensação de alívio temporário após realizarem o movimento ou o som, como se fosse uma resposta a uma tensão interna.

  • Gatilhos específicos: Embora os tiques possam ocorrer a qualquer momento, é comum que se intensifiquem em situações de estresse ou ansiedade, como antes de uma apresentação ou durante períodos de grande tensão emocional.


Opções de tratamento

Embora nem todos os casos de tiques necessitem de tratamento, há opções eficazes para aqueles que sentem desconforto ou que têm sua rotina impactada pelos tiques.

1. Terapia comportamental: A terapia comportamental, especialmente a Terapia de Reversão de Hábito, é uma das abordagens mais recomendadas para tiques. Esse método ajuda a pessoa a identificar os sinais que antecedem o tique e a desenvolver uma resposta alternativa para evitar o movimento.

2. Medicamentos: Em casos onde os tiques causam impacto significativo, o uso de medicamentos pode ser indicado. Entre os medicamentos utilizados, estão os antipsicóticos, que ajudam a controlar os sintomas ao reduzir a atividade da dopamina no cérebro. Medicamentos como clonidina também podem ser úteis em casos específicos, especialmente quando a pessoa também apresenta sinais de hiperatividade.

3. Toxina botulínica (Botox): Para tiques motores específicos que afetam a musculatura facial, a aplicação de toxina botulínica pode ser uma alternativa eficaz. O Botox age bloqueando os impulsos nervosos para o músculo, reduzindo as contrações involuntárias.

4. Suporte psicológico e controle do estresse: A ansiedade e o estresse podem exacerbar os tiques nervosos. Terapias como a prática de técnicas de relaxamento, mindfulness e apoio psicológico ajudam a reduzir os gatilhos emocionais dos tiques.


causas, tipos e tratamentos de tiques nervosos
tique nervoso

Quando consultar um especialista?

Se os tiques interferem na vida diária ou se tornam motivo de desconforto emocional, é essencial buscar a ajuda de um especialista em neurologia.


Sou Dra. Ariely Teotonio Borges, médica neurologista e trabalho junto com cada um dos meus pacientes, utilizando estratégias que os ajudem a melhorar sua rotina e qualidade de vida.



Fontes:

  • Mayo Clinic

  • Cleveland Clinic

  • National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS)

  • American Academy of Neurology (AAN)

  • U.S. National Library of Medicine

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