Vinho e crises de enxaqueca - existe correlação ou não?
- Ariely Teotonio Borges
- 18 de dez. de 2024
- 3 min de leitura
Para quem sofre de enxaqueca, o vinho, especialmente o tinto, pode ser um verdadeiro gatilho. Estudos e relatos de pacientes têm mostrado que o consumo de vinho está associado ao aparecimento de crises de enxaqueca em algumas pessoas. Mas por que isso acontece, e como lidar com essa situação?
Por que o vinho pode desencadear enxaqueca?
A relação entre o consumo de vinho e a enxaqueca não é completamente compreendida, mas alguns componentes do vinho tinto são considerados potenciais gatilhos:
Histamina: O vinho tinto possui níveis elevados de histamina, uma substância que, em algumas pessoas, provoca dilatação dos vasos sanguíneos e pode desencadear enxaqueca. Pacientes com enxaqueca geralmente têm uma menor capacidade de metabolizar a histamina.
Tiramina: Esse composto, também presente em queijos envelhecidos e carnes curadas, está ligado ao aumento da pressão arterial em algumas pessoas, o que pode favorecer o aparecimento de enxaquecas.
Taninos: Os taninos são compostos naturais presentes no vinho, especialmente no vinho tinto, e são responsáveis pela sensação de “secura” na boca. Em algumas pessoas, os taninos podem provocar a liberação de serotonina, o que pode ser um fator de gatilho para a dor de cabeça.
Sulfito: Utilizado como conservante, o sulfito pode causar reações em pessoas sensíveis. Embora o teor de sulfitos no vinho tinto seja menor que no vinho branco, ele ainda pode ser um fator de risco para quem tem enxaqueca.
Como identificar se o vinho é um gatilho para sua enxaqueca
Nem todas as pessoas que sofrem de enxaqueca terão crises ao consumir vinho. Para entender melhor se o vinho é um gatilho para você, siga estas dicas:
Mantenha um diário de enxaqueca: Registre cada crise, incluindo o que você consumiu antes do início da dor, para identificar padrões. Isso inclui o tipo de vinho (tinto, branco, espumante), a quantidade ingerida e o tempo entre o consumo e o surgimento dos sintomas.
Faça testes com pequenas quantidades: Se você suspeita que o vinho seja um gatilho, mas não tem certeza, experimente pequenas quantidades e observe se há algum impacto. Isso pode ajudar a confirmar se a bebida é realmente um fator desencadeante.
Considere outros fatores: Às vezes, a enxaqueca pode surgir por múltiplos fatores somados. Tente perceber se o consumo de vinho, junto com estresse ou cansaço, aumenta as chances de uma crise.
Dicas para quem quer evitar crises de enxaqueca ao consumir vinho
Para aqueles que desejam consumir vinho, mas têm receio das crises, algumas práticas podem ajudar a reduzir os riscos:
Escolha vinhos com baixos níveis de histamina e sulfito: Alguns produtores fabricam vinhos com menores níveis dessas substâncias. Pesquise marcas que ofereçam essas opções e observe se há diferença na sua reação.
Moderação: Consumir pequenas quantidades pode ser menos agressivo para o organismo e reduzir o risco de desencadear uma crise.
Hidrate-se: A desidratação pode intensificar os efeitos do álcool e aumentar as chances de enxaqueca. Beba bastante água antes, durante e depois do consumo de vinho.

Quando o vinho deve ser evitado?
Para algumas pessoas com enxaqueca, o vinho pode ser um gatilho constante e, nesses casos, é melhor evitar o consumo. Além disso, se você já está passando por um período de crises frequentes, talvez seja prudente restringir qualquer exposição a potenciais gatilhos até que as dores estejam sob controle.
Qual especialista procurar?
Se você desconfia que sua enxaqueca está ligada ao consumo de vinho ou de outros alimentos, um neurologista pode ajudar a entender melhor as causas e oferecer tratamentos adequados para prevenir as crises. Além disso, um nutricionista pode ajudar a identificar outros gatilhos alimentares que poderiam estar contribuindo para o problema.
Converse com seu médico sobre estratégias de prevenção e controle das crises para que você possa desfrutar de uma vida com menos dor e mais equilíbrio.
Sou Dra. Ariely Teotonio Borges, médica neurologista e trabalho junto com cada um dos meus pacientes, utilizando estratégias que os ajudem a melhorar sua rotina e qualidade de vida.
Fontes:
Mayo Clinic: "Headaches and Food Triggers"
Cleveland Clinic: "Migraines and Alcohol: What You Need to Know"
National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS): "Migraine Basics"
American Migraine Foundation: "Diet and Migraine: What You Need to Know"
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